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sábado, agosto 25, 2007

O Silêncio



Retirado da Obra Mensagem do Graal - Abdruschin


TÃO logo surja em ti um pensamento, trata de retê-lo, não o exponhas logo, porém nutre-o; pois ele condensa-se mediante a contenção no silêncio e ganha em forças, como o vapor sob compressão.

A pressão e a condensação geram a propriedade duma reação magnética segundo a lei de que tudo o que é mais forte atrai o fraco. Formas de pensamentos análogas serão através disso atraídas de todas as partes, seguradas, reforçando cada vez mais a força do próprio pensamento primitivo, e apesar disso atuam de modo que a primeira forma gerada se vá moldando, transformando-se e adquirindo formas variáveis por ação de outras desconhecidas, até atingir seu amadurecimento. Sentes tudo isso dentro de ti; todavia, julgas que isso resulta unicamente da tua própria vontade. Mas em coisa alguma dás inteiramente tua própria vontade, tens sempre junto algo alheio!

Que te diz esse fenômeno?

Que somente com a fusão de muitas partículas algo perfeito pode ser criado! Criado? Está isso certo? Não, mas sim formado! Pois realmente não há nada de novo a criar, trata-se em tudo apenas de um novo formar, visto que todas as partículas já existem na grande Criação. Cumpre apenas impulsionar essas partículas em direção ao caminho da perfeição, o que traz a fusão.

Fusão! Não passes de leve por tal termo, procura antes aprofundar-te nesse conceito de que também o amadurecimento e a perfeição são alcançados por meio da fusão. Essa sentença repousa em toda a Criação, como uma preciosidade que quer ser descoberta! Acha-se intimamente ligada à lei de que somente no dar também se pode receber! E o que condiciona a exata compreensão dessas sentenças? Isto é, a vivência? O amor! E por isso o amor constitui também a força máxima, como poder ilimitado dentro do mistério do grande existir!

Assim como a fusão, no caso dum único pensamento, forma, amolda e lapida, assim se dá com o próprio ser humano e com toda a Criação, que na interminável fusão de formas individuais existentes passa por transformações, devido à força de vontade, tornando-se assim o caminho para a perfeição.

Um ser isolado não pode oferecer-te a perfeição, mas sim a humanidade toda, na pluralidade de suas características! Cada qual tem algo que pertence de maneira incondicional ao conjunto. Daí acontecer também que uma pessoa que já atingiu amplo progresso, já não conhecendo mais nenhuma cobiça terrena, sinta amor pela humanidade inteira e não por um ser isolado, visto que somente a humanidade toda consegue fazer vibrar em harmoniosa sinfonia celestial as cordas de sua alma amadurecida, libertadas através da purificação. Traz harmonia dentro de si, porque todas as cordas vibram!

Voltemos ao pensamento que atraiu para si as formas alheias e que assim se foi tornando cada vez mais forte: acaba finalmente elevando-se para cima de ti em cerradas ondas de força, rompe a aura da tua própria pessoa e passa a exercer influência sobre um âmbito mais amplo.

A isso a humanidade cognomina magnetismo pessoal. Os leigos dizem: "Irradias algo!" Conforme a espécie, trata-se de algo agradável ou antipático, atraente ou repulsivo. Mas sente-se!

Contudo, não irradias nada! O fenômeno que ocasionou tal sensação nos outros origina-se no fato de atraíres magneticamente tudo o que tem afinidade espiritual contigo. É esse atrair que as pessoas próximas sentem. É que nisso também reside a ação recíproca. Assim, nesse contato, essa outra pessoa sente então nitidamente a tua força, nascendo através disso a "simpatia".

Mantém sempre diante dos olhos o seguinte: Tudo quanto é espiritual, expresso segundo nossos conceitos, é magnético; e bem sabes que sempre o mais fraco é superado pelo mais forte, pela atração e pela absorção. Por isso "é tirado dos pobres (fracos) até mesmo o pouco que possuem". Tornam-se dependentes.

Nisso não ocorre nenhuma injustiça, e sim tudo se passa segundo as leis divinas. O ser humano precisa apenas tomar a iniciativa, querer deveras, então ficará protegido disso.

Naturalmente perguntarás: E como será quando todos quiserem ser fortes? Quando nada tiverem a tomar de alguém? Então, querido amigo, será um intercâmbio espontâneo, subordinado à lei de que somente dando é que também se pode receber. Não ocorrerá paralisação; apenas será anulado tudo quanto é inferior.

Assim, pois, acontece que, devido à preguiça, muitos se tornam dependentes no espírito, chegando até mesmo à incapacidade de desenvolver seus próprios pensamentos.

Urge salientar, entretanto, que somente o de igual espécie é atraído. Daí o provérbio: "Igual com igual se entendem bem". Assim se juntarão sempre os que são dados à bebida, fumantes têm "simpatias", tagarelas, jogadores, etc.; mas também os de índole nobre se encontram para fins elevados.

No entanto, ainda prossegue: o que espiritualmente se aspira também se efetiva por fim fisicamente, visto todo o espiritual perpassar a matéria grosseira, razão pela qual cumpre reter sempre em mente a lei da ação de retorno, porque um pensamento sempre mantém ligação com a origem, causando nessa ligação irradiações retroativas.

Refiro-me aqui sempre apenas aos pensamentos reais, que contêm em si a força vital da intuição anímica. E não me refiro ao desperdício de forças da substância cerebral confiada a ti como instrumento, formando apenas pensamentos voláteis que se manifestam como emanações difusas em desordenada confusão e que, felizmente, logo se desfazem. Tais pensamentos só te custam tempo e força, e desperdiças com isso um bem que te foi confiado.

Meditas, por exemplo, a sério sobre determinada coisa, tal pensamento se tornará fortemente magnético dentro de ti pela força do silêncio e atrairá todos os afins, tornando-se, desse modo, fertilizado. Ele amadurece e transpõe os limites da rotina, penetra devido a isso em outras esferas também, recebendo aí a afluência de pensamentos mais elevados... a inspiração! Por essa razão, em contraste com a mediunidade, na inspiração o pensamento básico deve partir de ti mesmo e deve formar a ponte para o além, o mundo espiritual, a fim de ali haurir conscientemente de uma fonte.

Por conseguinte, a inspiração não tem nada a ver com a mediunidade. Dessa forma o pensamento amadurecerá dentro de ti. Avanças para a realização e trarás, condensado por tua força, aquilo que já pairava antes em inúmeras partículas no Universo, como formas de pensamentos.

Dessa maneira crias uma nova forma por meio da fusão e da condensação daquilo que desde há muito já existia espiritualmente! Assim, na Criação toda, apenas mudam sempre as formas, pois tudo o mais é eterno e indestrutível.

Acautela-te de pensamentos confusos, e de toda a superficialidade no pensar. O descuido vinga-se amargamente, pois sem demora te verás rebaixado a um lugar tumultuado de influências estranhas, o que te tornará facilmente irritado, inconstante e injusto para com os que te rodeiam.

Se tens um pensamento autêntico e o sabes reter bem, assim finalmente essa força concentrada também tem de ser impelida para a realização, pois o desenvolvimento de tudo se desenrola espiritualmente, que toda força é apenas espiritual! O que então consegues distinguir são sempre apenas as últimas manifestações dum processo magnético-espiritual ocorrido antes e que se realiza em ordem predeterminada e sempre uniforme.

Observa, e quando pensas e sentes, logo terás a prova de que toda a vida real pode ser na verdade a espiritual, onde unicamente se encontram a origem e o desenvolvimento. Tens de chegar à convicção de que tudo quanto vês com os olhos corpóreos realmente são apenas manifestações do espírito eternamente impulsionante.

Qualquer ação, até mesmo os menores movimentos duma pessoa, tudo foi precedido sempre de uma vontade espiritual. Os corpos exercem em tais casos apenas a função de instrumentos vivificados pelo espírito, que propriamente só adquiriram consistência através da força do espírito. Assim também árvores, pedras e toda a Terra. Tudo é vivificado, traspassado e impulsionado pelo espírito criador.

Visto que a matéria toda, portanto o que é visível terrenamente, só vem a ser efeito da vida espiritual, não te será difícil compreender que, conforme a espécie mais imediata da vida espiritual que nos rodeia, assim se formarão também as circunstâncias terrenas. O que daí se deduz logicamente é claro: ao próprio ser humano é dada, pela sábia disposição da Criação, a força para formar as condições de vida mediante a própria força do Criador. Feliz dele se a utilizar somente para o bem! Mas ai dele, se deixar induzir-se a utilizá-la para o mal!

Nos seres humanos o espírito somente é envolvido e escurecido através das ambições terrenas que, como escórias, aderem, sobrecarregam e arrastam-no para baixo. Seus pensamentos são, pois, atos de vontade nos quais repousa a força do espírito. O ser humano dispõe da decisão para pensar bem ou mal e pode assim orientar a força divina tanto para o bem como para o mal! Nisso se baseia a responsabilidade que o ser humano tem consigo, pois a recompensa ou o castigo hão de vir, já que todas as conseqüências dos pensamentos voltam ao ponto de início através da lei da reciprocidade instituída, que nunca falha, e que nisso é inamovível, portanto, inexorável. E por isso também incorruptível, severa e justa! Não se diz o mesmo também a respeito de Deus?

Se muitos inimigos da fé hoje nada mais querem saber da divindade, tudo isso não consegue alterar em nada os fatos que expus. Basta que essas pessoas suprimam a palavra "Deus" e se aprofundem deveras na ciência, virão a encontrar então exatamente o mesmo, só que expresso em outras palavras. Não é, portanto, ridículo discutir sobre isso?

Nenhum ser humano pode se esquivar das leis da natureza, ninguém consegue nadar em sentido contrário a elas. Deus é a força que impulsiona as leis da natureza, a força que ninguém ainda compreendeu, que ninguém viu, mas cujos efeitos cada um, dia a dia, hora a hora, até mesmo nas frações de todos os segundos, tem de ver, intuir, observar, se apenas quiser ver, em si próprio, em cada animal, cada árvore, cada flor, cada fibra de uma folha, quando irrompe do invólucro para chegar à luz.

Não é cegueira opor-se tenazmente, quando todos, até mesmo esses negadores obstinados, reconhecem e comprovam a existência dessa força? O que os impede então de chamar Deus a essa força reconhecida? Teimosia pueril? Ou uma certa vergonha por terem de declarar que durante tanto tempo procuraram negar obstinadamente algo, cuja existência há muito lhes era evidente?

Certamente não é nada de tudo isso. A causa deve residir no fato de que foi apresentado à humanidade, de tantas partes, caricaturas da grande divindade, com as quais, num sério pesquisar, não podia concordar. A força da divindade, que tudo abrange e tudo perpassa, tem de ser diminuída e desvalorizada com a tentativa de imprimi-la num quadro!

Com reflexão profunda, nenhum quadro pode harmonizar-se com isso! Exatamente porque cada ser humano traz em si o conceito de Deus, é que se opõe cheio de pressentimentos contra a restrição da grandiosa e inapreensível força que o gerou e que o conduz.

O dogma é em grande parte culpado de que aqueles que em seus conflitos procuram transpor cada meta, muitas vezes o façam até mesmo contra a certeza que vive dentro deles.

Mas não está distante a hora do despertar espiritual! Em que se interpretarão direito as palavras do Salvador, compreendendo-se corretamente sua grande obra de salvação, pois Cristo trouxe libertação das trevas, já que apontou o caminho para a verdade, mostrando, como ser humano, o caminho para as alturas luminosas! E com o seu sangue imprimiu na cruz o selo de sua convicção!

A verdade nunca deixou de ser o que foi outrora e que ainda é hoje e há de ser daqui a dezenas de milênios, já que é eterna!

Por isso, aprendei a conhecer as leis que se encontram no grande livro de toda a Criação. Submeter-se a elas significa: amar a Deus! Pois com isso não provocarás nenhuma dissonância na harmonia, mas sim concorrerás para que os acordes vibrantes atinjam amplitude total.

Quer digas: Submeto-me voluntariamente às leis vigentes da natureza, porque elas são em meu benefício, ou quer digas: Submeto-me à vontade de Deus, que se revela nas leis da natureza ou na força inconcebível que impulsiona as leis da natureza... ocorre alguma diferença na atuação delas? A força aí está e tu a reconheces, tens de reconhecê-la, sim, já que não te resta outra alternativa, tão logo reflitas um pouco... e com isso reconheces teu Deus, o Criador!

E essa força atua em ti até mesmo quando pensas! Por conseguinte, não a degrades, servindo-te dela para o mal; pelo contrário, pensa apenas em função do bem! Nunca te esqueças: Quando crias pensamentos, utilizas força divina, com a qual podes alcançar deveras o que há de mais límpido e excelso!

Procura jamais deixar de atentar que todas as conseqüências do teu pensar recaem sempre sobre ti, segundo a força, o tamanho e amplitude dos efeitos dos pensamentos, tanto no bem como no mal.

E como o pensamento é espiritual, assim retornam as conseqüências de maneira espiritual. Encontrar-te-ão, portanto, seja lá como for, ou aqui na Terra, ou então no espiritual, depois de teu falecimento. Por serem espirituais, também não são ligadas à matéria. Disso resulta que a decomposição do corpo não revoga o resgate devido! A retribuição, como conseqüência do retorno, ocorrerá na certa, mais cedo ou mais tarde, aqui ou acolá.

A ligação espiritual permanece firme em todas as tuas obras, pois também as obras materiais terrenas possuem, sim, origem espiritual através dos pensamentos que as geraram, e permanecem, mesmo que tudo o que é terreno tenha desaparecido. Por isso, há veracidade na expressão: "As tuas obras te aguardam, enquanto a prestação de contas não se der pela ação de retorno".

Caso, por ocasião duma dessas ações retroativas, ainda estejas aqui na Terra, ou aqui tenhas voltado, assim efetiva-se então a força das conseqüências do espiritual, de acordo com a espécie, para o bem ou para o mal, através das circunstâncias, no teu ambiente ou em ti mesmo diretamente, em teu corpo.

Aqui seja mais uma vez indicado especialmente o seguinte: A verdadeira vida se processa no espiritual! E essa não conhece nem tempo nem espaço, logo, também qualquer separação. Situa-se acima dos conceitos terrenos. Por essa razão, as conseqüências te encontrarão onde estiveres, no tempo em que, devido às leis eternas, os efeitos retornam ao ponto inicial. Nada se perde, tudo volta, com toda a certeza.

Isso soluciona também a pergunta, já tantas vezes apresentada, de como acontece que pessoas visivelmente boas às vezes têm de sofrer tanto na vida terrena, e de tal forma, que é visto como injustiça. Trata-se de resgates que têm de atingi-las!

Conheces agora a resposta a essa pergunta; é que teu corpo ocasional não desempenha nisso nenhum papel. Teu corpo não significa bem tu próprio, não é o teu "eu" completo, e sim um instrumento que escolheste ou que tiveste de tomar segundo as leis respectivas da vida espiritual, às quais poderás chamar também leis cósmicas, caso assim te pareça mais compreensível. A respectiva vida terrena é somente um curto espaço da tua existência real.

Um pensamento arrasador, se não houvesse nenhuma saída, nenhum poder que se contrapusesse protetoramente. Quantos deveriam desanimar ao despertarem para o espiritual, e desejariam, de preferência, que o sono da rotina continuasse. Eles não sabem, pois, o que os aguarda e o que ainda os atingirá de outrora pela ação de retorno! Ou, como dizem os seres humanos: "O que eles ainda têm de reparar!"

Contudo, não tenhas receio! Com o despertar te será mostrado também, na sábia disposição da grande Criação, um caminho através daquela força da boa vontade, a que já me referi detidamente e que atenua os perigos do carma que se desencadeia, ou os afasta totalmente para o lado.

Também isso o Espírito do Pai depôs na tua mão. A força da boa vontade forma à tua volta um círculo capaz de destruir a ação nociva do mal ou atenuá-la bastante, da mesma forma que a camada de ar protege o globo terrestre.

Contudo, a força da boa vontade, essa proteção eficaz, aumentará e se consolidará através do poder do silêncio.

Por isso, a vós que procurais, chamo mais uma vez e insistentemente a atenção:

Conservai puro o foco dos vossos pensamentos, e praticai antes de mais nada o grande poder do silêncio, se é que quereis ascender.

O Pai já depositou em vós a força para tudo. Precisais apenas utilizá-la!

terça-feira, agosto 01, 2006

O Anticristo.

Retirado da Obra Mensagem do Graal - Abdruschin


Seres humanos! Quando soar a hora em que segundo a vontade divina tiver que se processar na Terra a limpeza e a separação, atentai então para os sinais prometidos e em parte sobrenaturais que surgirão no céu!

Não vos deixeis confundir então por aquelas criaturas humanas, nem pelas igrejas que há muito se entregaram ao anticristo. É desolador que, até agora, nem mesmo as igrejas tenham sabido onde deviam procurar esse anticristo que, desde muito, porém, atua entre todos os homens. Com um pouco de vigilância, já deviam ter reconhecido este fato! Quem pode então agir de modo mais anticristão do que aqueles que outrora combateram o próprio Cristo e finalmente e finalmente também o assassinaram! Quem podia se mostrar como inimigo de Cristo de modo mais cruel e claro!

Foram os portadores e os representantes das religiões terrenas, uma vez que os autênticos ensinamentos de Deus, personificados e revelados pelo Filho de Deus, não condiziam com sua própria organização. A verdadeira Mensagem de Deus não podia combinar com elas, porque a organização dos dignatários eclesiásticos terrenos visava à influência, ao poder e à expansão terrena.

Bem nitidamente demonstraram com isso que eram eles servos do intelecto humano, que visa somente ao conhecimento e poderio terrenos, obstruindo e opondo-se de maneira hostil a tudo que se situa além da compreensão terrena! Uma vez que Deus permanece totalmente fora da compreensão terrena do intelecto, como também o espiritual, logo é justamente o intelecto o único empecilho verdadeiro! Por isso, segundo a sua espécie, esse também é contra tudo é divino e espiritual!

E, por conseguinte, com ele todos os seres humanos que consideram seu raciocínio como o que há de mais elevado e sublime, procurando contruir somente baseado nele.

Os representantes das religiões daquele tempo temiam perder a influência junto ao povo, devido aos esclarecimentos do Filho de Deus. Isso foi, como hoje todos sabem, o motivo principal das calúnias que procuraram espalhar contra Cristo e finalmente também o motivo da execução do Filho de Deus. Pregaram-no na cruz, como blasfemador contra Deus, Ele, que fora enviado para esclarecimentos por esse mesmo Deus, do qual se arvoraram como servos!

Tão pouco conheciam, na verdade, esse Deus e Sua vontade, a cujo serviço queriam fazer crer aos seres humanos que se encontravam, mas em cuja honra, em cuja defesa terrena... assassinaram esse Filho de Deus, o enviado de Deus!

Tornou-se evidente, como conseqüência funesta disso, que eles eram escravos do seu raciocínio terreno, o qual só lutava pela própria influência. Entregaram-se como carrascos a serviço do anticristo, ao qual, dentro de si, sem alarde, já haviam soerguido um trono. Pois nisso encontravam satisfação para as fraquezas humanas, como a presunção, a vaidade e a arrogância.

Quem espera provas mais claras não pode ser auxiliado, pois algo mais caracteristicamente contra Cristo, o Filho de Deus, e sua palavra, não pode haver! E anticristo significa, pois, o lutador contra Cristo, contra a libertação dos seres humanos pela Mensagem de Deus. O raciocínio terreno impeliu-os a isso! É justamente este, como uma excrescência venenosa de Lúcifer, seu instrumento, que mais perigoso se tornou para a humanidade!

Já por isso, outrora, o exagerado cultivo do raciocínio humano transformou-se no pecado hereditário para as criaturas humanas! Atrás dele, porém, encontra-se o próprio Lúcifer como anticristo em pessoa! É ele, sim, que, por meio das criaturas humanas, pôde erguer a cabeça! Ele, o único verdadeiro inimigo de Deus! Adquiriu para si o nome de anticristo, pela luta hostil contra a missão do Filho de Deus. Nenhum outro teria dito a força e o poder para vir a se tornar o anticristo.

E Lúcifer se serve aqui na Terra , na sua luta contra a vontade de Deus, não apenas de um ser humano, mas de quase toda a humanidade, à qual, com isso, está levando ao descalabro, pelos efeitos da ira divina! Quem não puder compreender isto, por si tão evidente, que somente o próprio Lúcifer podia ser anticristo, aquele que ousa opor-se a Deus, jamais poderá compreender algo de tudo quanto se encontra fora da matéria grosseira, isto, fora do puramente terrenal.

E da mesma forma que foi outrora, continua sendo ainda hoje! Até mesmo muito pior. Também hoje muitos representantes das religiões quererão lutar encarniçadamente, a fim de manter nos templos e nas igrejas as regras do raciocínio vigentes.

Justamente esse raciocínio humano, que restringe todos os sentimentos intuitivos mais nobres, é, entre outras, a mais perigosa excrescência de Lúcifer, que ele pôde disseminar pela humanidade. Todos os escravos do raciocínio são, porém, na realidade, servidores de Lúcifer, cúmplices da descomunal ruína que devido a isso tem de cair sobre a humanidade!

Como, no entanto, nenhum ser humano procurou o anticristo sob o raciocínio, é que sua nefasta expansão tornou-se tão fácil! Lúcifer triunfou, pois dessa forma excluía a humanidade de toda e qualquer compreensão de tudo aquilo que se encontra fora da matéria grosseira. Da vida real! Do lugar onde então se inicia o contato com o espiritual e que conduz à proximidade de Deus!

Com isso colocou o pé em cima desta Terra como senhor da Terra e da maior parte da humanidade!

Logo, também não era de admirar que ele tivesse podido avançar até os altares, e que representantes terrenos das religiões, inclusive de igrejas cristãs, se tornassem suas vítimas. Também eles esperam o anticristo só nas proximidades do juízo anunciado. A grande revelação da Bíblia ficou assim incompreendida até agora, como muitas coisas mais.

Diz a revelação que esse anticristo erguerá sua cabeça antes do Juízo! Não, porém, que ainda virá! Se, portanto, está declarado que ele erguerá a cabeça, isso mostra que ele já deve estar, e não, porém, que ainda virá. Ele terá o auge do seu domínio pouco antes do Juízo, eis o que se diz com isto!

Vós, que ainda não ficastes espiritualmente surdos nem cegos, escutai este brado de alerta! Dai-vos ao trabalho de refletir seriamente nisso, vós mesmos. Se ainda continuardes acomodados, então, vós próprios vos condenais!

Tão logo alguém põe a descoberto o lugar onde se esconde uma serpente venenosa, esta, assim que se vê exposta repentinamente, procura então, naturalmente, dar um bote para picar a mão desatenta.

O mesmo sucedeu aqui. Vendo-se assim descoberto, o anticristo há logo de querer reagir por meio de seus servos, procurando por todos os meios possíveis, ao sentir-se desmascarado, fazer clamor, a fim de se manter no trono que a humanidade de bom grado lhe outorgou. Tudo isso ele só conseguirá, entretanto, através dos que no íntimo o adoram.

Assim sendo, observai à vossa volta com toda a atenção, quando principiar a luta! Será exatamente pelas gritarias que havereis de reconhecer cada um dos que lhe pertencem! Pois esses hão de novamente comportar-se como antes, temerosos de encarar a verdade límpida!

O anticristo tentará, de novo, firmar tenazmente sua influência sobre a Terra. Tende cuidado quanto à sua falta de objetividade, tanto na defesa como no ataque, pois novamente há de trabalhar lançando somente calúnias e suspeitas, porque seus adeptos não conseguem fazer outra coisa. Enfrentar a verdade e contradizê-la não é possivel.

Assim os servos de Lúcifer combaterão também o enviado de Deus, tal como outrora combateram o Filho de Deus!

Onde quer que tal tentativa ocorra, aí deveis ficar bem atentos, pois tais criaturas humanas visam apenas proteger Lúcifer, de modo a manter seu domínio sobre a Terra. Lá será um foco das trevas, mesmo se os seres humanos externamente costumam vestir roupas terrenas claras, mesmo se são servidores de alguma igreja.

Não olvideis os acontecimentos ao tempo do Filho de Deus aquui na Terra; ponderai, isso sim, que ainda hoje o mesmo antivristo se esforça com número ainda maior de adeptos para conservar seu domínio terreno, escapar à destruição e continuar a escurecer a verdadeira vontade de Deus.

Ficai, portanto, bem atentos a todos os sinais que foram prometidos! Pois é chegado o momento da derradeira opção para cada um. salvação ou perdição! Pois desta vez é da vontade de Deus que se perca o que se atrever mais uma vez erguer-se contra Ele!

Toda e qualquer negligência quanto a isso transformar-se-á para vós em juízo! - Não estarão sobre nenhuma igreja os sinais de Deus, nenhum dignatário eclesiástico terreno trará as credenciais de emissário de Deus! Mas tão somente aquele que estiver indissoluvelmente unido aos sinais e que por condseguinte os trouxer também vivos e luminosos consigo, como outrora o Filho de Deus, quando viveu nesta Terra. É a cruz da verdade, viva e luminosa nele, e a Pomba pairando sobre ele! Tornar-se-ão visíveis a todos os que merecerem a graça de ver o que é espiritual, a fim de render testemunho perante todas as criaturas humanas da Terra, pois haverá entre todos os povos aqueles aos quais fdessa vez será dado "ver" como última graça de Deus! - - -

E esses altos sinais da verdade sacrossanta jamais se deixarão simular. Nem o próprio Lúcifer consegue isso, tendo de figir deles, e muito menos o conseguirá qualquer ser humano. Quem, portanto, ainda quiser opor-se a essa credencial de Deus, logo se colocará contra Deus, como inimigo de Deus. Mostrará, com isso, não ser, nem nunca haver sito, servo de Deus, pouco importanto o que procurou aparentar até então na Terra.

Acautelai-vos, para que também não sejais incluídos entre esses!

terça-feira, maio 30, 2006

O Santo Graal


Retirado da Obra Mensagem do Graal - Abdruschin


Inúmeras são as interpretações das composições poéticas que existem sobre o Santo Graal. Os mais sinceros eruditos e pesquisadores se ocuparam com esse mistério. Muito disso tem elevado valor ético, porém, tudo traz em si o grande erro de apenas mostrar uma construção que parte do plano terreno para cima, ao passo que falta o principal, o facho de luz de cima para baixo, único capaz de vivificar e iluminar.

Tudo quanto se esforça de baixo para cima tem que se deter no limiar da matéria, mesmo que lhe haja sido outorgado o que de mais elevado possa obter. Na maioria dos casos, porém, mesmo com as mais favoráveis condições preliminares, mal pode ser feita a metade desse caminho. Quão longo, no entanto, ainda fica o caminho para o verdadeiro reconhecimento do Santo Graal!

Esse sentimento intuitivo da inacessibilidade se manifesta, por fim, nos pesquisadores. O resultado disso é que procuram conceber o Graal como sendo uma designação puramente simbólica de um conceito, a fim de lhe dar assim aquela altitude, cuja necessidade para tal designação sentem intuitivamente com acerto. Com isso, porém, na realidade, vão para trás, não para frente. Para baixo, ao invés de para cima. Desviam-se do caminho certo já contido em parte nas composições poéticas.

Somente estas deixam pressentir a verdade. Mas apenas pressentir, porque as elevadas inspirações e as imagens visionárias dos poetas na transmissão foram demasiado materializadas pela ativa participação do raciocínio. Deram à retransmissão daquilo que foi recebido espiritualmente uma imagem do ambiente terrenal contemporâneo, a fim de tornar o sentido de suas obras poéticas mais compreensível às criaturas humanas, o que apesar disso não conseguiram, porque eles próprios não puderam se aproximar do núcleo propriamente dito da verdade.

Assim foi dada de antemão uma base incerta para as ulteriores pesquisas e buscas; colocada com isso uma restrita limitação em cada êxito. Não é, portanto, de pasmar, que por fim somente se podia pensar em mero simbolismo, transferindo a libertação do Graal para o íntimo de cada ser humano.

As interpretações existentes não são destituídas de grande valor ético, mas não podem ter nenhuma pretensão de constituírem um esclarecimento das obras poéticas, e muito menos se aproximarem da verdade do Santo Graal.

Também não se entende por Santo Graal o cálice de que o Filho de Deus se serviu no fim de sua missão terrena, quando da última ceia junto com os discípulos, e no qual foi recolhido seu sangue na cruz. Esse cálice é uma recordação sagrada da sublime obra salvadora do Filho de Deus, mas não é o Santo Graal, para cujo louvor os poetas foram agraciados. Essas obras poéticas foram erradamente interpretadas pela humanidade.

Deviam ser promessas provenientes de elevadíssimas alturas, cujas realizações as criaturas humanas têm de esperar! Tivessem sido interpretadas como tais, então certamente, já há muito, outro caminho teria sido também encontrado, que poderia conduzir as pesquisas ainda um pouco mais adiante do que até agora. Mas assim teve que se apresentar finalmente um ponto morto em todas as interpretações, porque jamais se poderia alcançar uma solução total, sem lacunas, uma vez que o ponto de partida de cada investigação se encontrava de antemão em base errada, devido à concepção errônea de até então. - -

Jamais conseguirá um espírito humano, mesmo que tenha alcançado a sua maior perfeição e imortalidade, ver-se na presença do Santo Graal! Por tal motivo, também jamais pode descer de lá à matéria, à Terra, uma notícia satisfatória sobre isso, a não ser através de um mensageiro que tenha sido mandado de lá. Para o espírito humano, portanto, o Santo Graal terá de permanecer sempre e eternamente um mistério.

O ser humano que continue naquilo que possa compreender espiritualmente e procure antes da mais nada, realizar tudo aquilo que estiver em suas forças à mais nobre florescência. Lamentavelmente, porém, em seus desejos sempre estende de bom grado a mão para muito além, sem que desenvolva sua real capacidade, com o que comete assim uma negligência, que não o deixa alcançar nem sequer aquilo que seria capaz, enquanto que o desejado, de qualquer forma, jamais poderá alcançar. Priva-se com isso do que há de mais belo e mais elevado na sua verdadeira existência, ocasionando apenas uma completa falha no cumprimento de sua finalidade de existir. - - -

Parsival é uma grande promessa. As falhas e erros que foram introduzidos pelos poetas das lendas, devido a seu pensar demasiadamente terreno, alteram a verdadeira essência dessa figura. Parsival é uno com o Filho do Homem, cuja vinda o próprio Filho de Deus anunciou.

Enviado de Deus, terá ele que passar pelas mais difíceis penúrias terrenas com uma venda diante dos olhos espirituais, externamente como ser humano entre humanos. Após determinado tempo, libertado então dessa venda, reconhecerá então, o ponto de onde partirá e, conseqüentemente, a si próprio, vendo diante de si, nitidamente, sua missão. Essa missão igualmente trará uma libertação, ligada a um rigoroso Juízo, à humanidade que busca sinceramente.

Para tanto, não pode ser suposta uma pessoa qualquer, muito menos ainda se deve reconhecer nisto a possível vivência de muitos ou mesmo todos os seres humanos, mas será um bem determinado enviado especial.

Nas leis inamovíveis de toda a Vontade Divina, não é possível de maneira diversa do que cada coisa, após o percurso de desenvolvimento em sua mais alta perfeição, retorne novamente ao ponto de partida de seu ser original, nunca, porém, além deste. Assim também o espírito humano. Como semente espiritual, tem ele sua origem no espírito-enteal, para onde poderá regressar, como espírito consciente em forma enteal, após o seu percurso através da matéria, tendo alcançado a mais alta perfeição e adquirido pureza viva.

Nenhum espírito-enteal, por mais elevado, puro e radiante que seja, consegue ultrapassar o limite do Divino. O limite e a possibilidade de ultrapassá-lo residem aqui também, como nas esferas ou planos da Criação material, simplesmente na natureza do fenômeno, na diferenciação da espécie.

Como supremo e mais elevado está o próprio Deus em Sua inentealidade Divina. A seguir, como o mais próximo, um pouco mais abaixo, vem o Divino-enteal. Ambos são eternos. A este se segue, então, cada vez mais para baixo, a obra da Criação em planos ou esferas descendentes cada vez mais densas, até finalmente à matéria grosseira visível aos seres humanos.

A matéria fina da Criação material é o que os seres humanos chamam de Além. Portanto, aquilo que se acha além de sua capacidade de visão terreno-material grosseira. Ambas, contudo, fazem parte da obra da Criação, não sendo eternas em sua forma, mas sujeitas a alterações que visam a renovação e a reanimação.

No ponto de saída mais alto do eterno espírito-enteal se encontra o Supremo Templo do Graal, espiritualmente visível e palpável, porque ainda é da mesma espécie espírito-enteal. Esse Supremo Templo do Graal contém um recinto amplo que, por sua vez, se acha no limite extremo em direção ao Divino, sendo, portanto, mais etéreo ainda do que tudo o mais do espírito-enteal. Nesse recinto se encontra, como penhor da bondade eterna de Deus-Pai e como símbolo do Seu mais puro Amor Divino, e igualmente como ponto de partida da força Divina: o Santo Graal!

É uma taça onde algo como sangue rubro borbulha e ondula ininterruptamente, sem jamais transbordar. Irradiada pela mais clara Luz, é concedida somente aos mais puros de todos os espíritos-enteais poderem olhar para essa Luz. E estes são os guardiões do Santo Graal! Quando se diz nas obras poéticas que os mais puros seres humanos são destinados a se tornarem guardiões do Graal, esse, então, é um ponto que poeta agraciado transportou demasiadamente para o plano terreno, porque não conseguiu se expressar de outra maneira.

Nenhum espírito humano pode entrar nesse recinto sagrado. Mesmo em sua maior perfeição de entealidade espiritual, depois de seu regresso do percurso através da matéria, ainda não está suficientemente eterizado para poder transpor o umbral, isto é, o limite. Mesmo no seu aperfeiçoamento máximo, ainda é demasiadamente denso para tanto.

Uma eterização maior para ele equivaleria a uma completa decomposição ou combustão, uma vez que sua espécie, já de origem, não se presta para se tornar ainda mais radiante e luminosa, isto é, ainda mais etérea. Não suportaria.

Os guardiões do Graal são eternos, espíritos primordiais, que nunca foram seres humanos, os ápices de todo o espírito-enteal. Necessitam, contudo, da força Divino-inenteal, dependem dela, como tudo o mais depende do Divino-inenteal, a origem de toda a força, Deus-Pai.

De tempos em tempos, então, no dia da Pomba Sagrada, aparece a Pomba sobre o cálice, como sinal renovado do imutável Amor Divino do Pai. É a hora da união, que traz a renovação da força. Os guardiões do Graal recebem-na com humilde devoção, estando aptos depois a retransmitir essa força milagrosa recebida.

Disso depende a existência da Criação inteira!

É o momento em que no Templo do Santo Graal o Amor do Criador se derrama radiantemente para um novo existir, para novo impulso criador que, descendo, se distribui pelo Universo inteiro em forma de pulsações. Um estremecer transpassa nisso todas as esferas, um tremor sagrado de alegria pressentida, de imensa felicidade. Apenas os espíritos das criaturas humanas terrenas permanecem ainda de lado, sem sentirem intuitivamente o que está acontecendo justamente para eles, quão imensa dádiva broncamente recebem, porque sua auto-restrição no raciocínio não permite mais a compreensão de tal grandeza.

É o momento de aprovisionamento de vida para a Criação inteira!

É a contínua e indispensável repetição de uma confirmação do pacto que o Criador mantém em relação à Sua obra. Se um dia tal afluxo fosse interrompido, suspenso, tudo quando existe teria de secar aos poucos, envelhecer e se decompor. Adviria então, o fim de todos os dias e só restaria o próprio Deus, conforme era no começo! Porque unicamente Ele é a Vida.

Esse fenômeno está transmitido na lenda. É até mencionado no envelhecimento dos cavaleiros do Graal, durante o tempo em que Amfortas não desvela mais o Graal, até a hora em que Parsival aparece como Rei do Graal, e como tudo tem de envelhecer e perecer, se o dia da Pomba Sagrada, isto é, o “desvelar” do Graal não voltar.

O ser humano devia afastar-se da idéia de considerar o Santo Graal apenas como algo inconcebível, pois existe realmente! No entanto, é negado ao espírito humano, por sua condição, poder contemplá-lo sequer uma vez. Mas as bênçãos que dele fluem e que podem ser retransmitidas, essas os espíritos humanos podem receber e usufruir, se abrirem-se para elas.

Nesse sentido algumas interpretações não podem ser tidas em conta de totalmente erradas, contanto que não tentem incluir em suas explicações o próprio Santo Graal. São certas e, no entanto, também não o são.

O aparecimento da Pomba no dia determinado da Pomba Sagrada indica a periódica missão do Espírito Santo, pois essa Pomba se acha em íntima relação com ele.

Mas é algo que o espírito humano só é capaz de compreender por imagens, porque conforme a natureza do acontecimento, mesmo tendo o mais alto desenvolvimento, na realidade só pode pensar, saber e sentir intuitivamente até lá de onde ele próprio tem sua origem, isto é, até aquela espécie que é una com a sua mais pura condição de origem. É o eterno espírito-enteal.

Esse limite ele jamais poderá ultrapassar, nem mesmo em pensamentos. Algo diferente nunca poderá compreender. Isso é tão evidente, lógico e simples, que cada pessoa pode acompanhar esse pensamento.

O que para, além disso, existir, será e deverá ser, por essa razão, sempre um mistério para a humanidade!

Cada ser humano vive por isso numa ilusão errônea ao imaginar ter Deus em si, ou ele próprio ser Divino, ou poder tornar-se Divino. Tem em si espiritual, mas não Divinal! E há nisso uma diferença intransponível. Ele é uma criatura, e não uma parte do Criador, conforme tantos procuram se persuadir. O ser humano é e continua uma obra, jamais podendo se tornar mestre.

Por conseguinte, também é errôneo quando se declara que o espírito humano promana do próprio Deus-Pai e a Ele regressa. A origem do ser humano é o espírito-enteal, não o Divino-enteal. Apenas poderá, portanto, no caso de atingir a perfeição, voltar ao espírito-enteal. Corretamente falando, o espírito humano se origina do Reino de Deus e por isso também, quando tiver se tornado perfeito, poderá voltar para o Reino de Deus, não, porém, a Ele próprio.

Seguirão ainda mais tarde dissertações detalhadas sobre os planos isolados da Criação, que em suas espécies essenciais são totalmente diferentes.

No ápice supremo de cada um desses planos da Criação se encontra um Templo do Graal, como indispensável ponto de transição de força.

Esse é sempre uma cópia, formada na espécie essencial do respectivo plano da Criação, do verdadeiro e Supremo Templo do Graal, que se encontra no ápice de toda a Criação, e que é o ponto de partida de toda a Criação, devido às irradiações de Parsival.

Amfortas foi o sacerdote e rei na mais baixa dessas cópias do Supremo Templo do Graal, que se encontra no ponto mais alto do plano de todos os espíritos humanos que se desenvolveram de germes espirituais, portanto, mais próximo da humanidade terrena.


Do livro "Respostas a Perguntas"

PERGUNTA: Abdruschin diz que a lenda do Graal é uma profecia. Isso compreendo bem. Sua Mensagem do Graal, porém, descreve o Filho do Homem, Parsival, como sendo severo até o inflexível, enquanto no poema do Graal é dito com referência ao “tolo puro”: “tornar-se sábio por compaixão!”

RESPOSTA: Unicamente na justa severidade se encontra o amor beneficiador! Além disso, V. S.a compreende erradamente as palavras: tornar-se sábio por compaixão. Não é necessário ressaltar ainda que Parsival é um lutador. A seguir reflita V. S.a mesmo tranqüila e objetivamente: será possível que uma pessoa por compaixão a terceiros possa tornar-se ela mesma realmente sábia? Sábia mediante essa misericordiosa compaixão como V. S.a e também muitos outros seres humanos imaginam? Reflita com profundidade e finalmente chegará à conclusão de que um verdadeiro saber não pode surgir mediante compaixão. Conseqüentemente, aquela interpretação está errada.

Agora analise V. S.a a questão por outro lado, então chegará à conclusão de como deve ser interpretada e compreendida; de como era a idéia inicial. O significado é:”tornar-se sábio por sofrer conjuntamente!” Isso é mais correto. Compaixão significa, no fundo, sofrer conjuntamente! Não somente sentir a dor do próximo, mas sim experimentar realmente o sofrimento junto com o próximo. Sentir tudo pessoalmente no próprio vivenciar! Isso é coisa bem diferente. (*)

(*) Aqui temos sutis diferenças entre as palavras. “Mitleid”, substantivo, significa compaixão. “Mitleiden”, verbo, significa sofrer conjuntamente.

Apesar das divergências da inspiração original, devido à participação do cérebro humano do poeta na retransmissão, também está dito claramente na lenda ou profecia que o Parsival prometido teria de, lutando, vivenciar pessoalmente todos os erros terrenos, para sofrer com isso como muitos outros. Somente assim torna-se por fim realmente sabedor a respeito do que está errado e onde deve intervir, auxiliando e modificando, no começo de sua verdadeira missão.


Que ele, do ponto de vista espiritual, como tolo puro, passe por tudo dolorosamente, na incompreensão inicial dos conceitos terrenos, porque dirige predominante e involuntariamente seu pensar e com isso também seu atuar segundo as normas corretas do Além, as quais se tornaram incompreensíveis a esta humanidade no decorrer dos milênios perdidos, e assim tem de entrar inevitavelmente em conflito com os conceitos desta humanidade, não é difícil entender, uma vez que ele veio de um mundo completamente diferente, que vive de acordo com as leis primordiais Divinas, as quais, em muita coisa, são fundamentalmente diferentes daquelas leis que os seres humanos transviados espiritualmente inventaram para si aqui na Terra. Que ele, então, se torne severo e, por fim, na hora de sua missão tudo o que é terreno se endireite e se modifique inexoravelmente, de acordo com as leis Divinas, é igualmente natural.

Para isso ele, que se origina das alturas longínquas, onde os conceitos errados de sofrimentos terrenos autocriados têm de ficar incompreensíveis, precisou participar dos sofrimentos pessoalmente entre estes seres humanos, para poder obter a compreensão certa disso. Sem vivência própria não pode surgir aquele saber capaz de remediar verdadeiramente, com firmeza e segurança, completamente cônscio e infalível. Aí de nada adiantarão à inteligência humana qualquer distorção e qualquer mudança. Ele (Parsival) reconheceu-a com todos os seus defeitos; as partes doentes serão cortadas e eliminadas, para aliviar a vida terrena da humanidade que se esforça, e até mesmo torná-la semelhante à do Paraíso.

Para essa missão torna-se necessário de antemão o mais alto saber, estreitamente ligado com a vivência terrena, entre estas excrescências do raciocínio humano. E por isso o sacrifício de uma participação prévia do sofrimento é inevitável, se é que se deseja chegar ao verdadeiro saber! Isso condiciona, como necessária conseqüência, a severidade até inflexibilidade, já que a própria vivência sempre se erguerá à sua frente como exemplo.

Trata-se de um acontecimento natural, cuja grandeza, como sempre, somente será reconhecida pela humanidade muito mais tarde e com isso também a segurança na direção espiritual, que sempre utiliza todos os caminhos com naturalidade. Em acontecimentos de tal envergadura, os acontecimentos terrenos secundários, acompanhados de alegrias ou sofrimentos, mal entram em consideração. Por essa razão, isso sempre será natural para o executante. Ele não solicita compreensão ou compaixão humana; observando agudamente, apenas registra, na intuição, toda e
qualquer vivência, sabendo que tudo isso há de servir para sua formação.

E tudo será executado finalmente de maneira magnífica! Os próprios sofrimentos, as hostilidades recebidas da humanidade sob tantas formas afiam a espada e mesmo temperam o aço do martelo que, na reciprocidade, despedaçará essa humanidade em sua errada arrogância! Cheio de admiração, após os acontecimentos, o espírito humano, em visão retrospectiva com relação à sabedoria de seu Criador, curvar-se-á humildemente e, servindo obedientemente, colocar-se-á na engrenagem da Criação de Senhor.


PERGUNTA: Tenho visto e ouvido muitas vezes a ópera “Parsival”, mas permanece sempre em mim uma incerteza sobre o conceito “o tolo puro”. Se conseguisse pleno esclarecimento sobre isso, a impressão certamente seria ainda mais forte.

Em todo ser humano que pensa profundamente, a figura apresentando “o tolo puro” deve produzir uma incerteza. Essa incerteza se manifesta, porque a expressão bem como a apresentação inteira da figura constituem um erro, que eu fundamento nas minhas dissertações.

Essa resposta levaria longe demais, por isso contento-me em indicar que Parsival é “Das reine Tor”, o portal puro, mas não “Der reine Tor”, o tolo puro.(*) Nisso reside tudo, e o saber disso também lhe dará, com um outro conceito, o sossego. Parsival é na realidade o intermediário para a Criação; portanto, também para os seres humanos, e é o Portal da Verdade e da Vida para todas as Criações em ordem descendente.

quinta-feira, abril 28, 2005

O Sexto Mandamento


Retirado do livro "OS DEZ MANDAMENTOS E O PAI NOSSO" explicados por Abdruschin.

JÁ o fato de existir outro mandamento que diz: “Não cobiçarás a mulher do próximo!” demonstra quão pouco este sexto mandamento tem relação com aquilo que a lei terrena estabelece a respeito.

“Não cometerás adultério” pode também significar: “Não destruirás a paz de um matrimônio!” É natural que por paz também se entenda harmonia. Isto condiciona, ao mesmo tempo, como, aliás, deve ser um matrimônio, pois onde nada existe para romper ou perturbar, também não vale este mandamento, que não se orienta por conceitos e determinações terrenas, mas sim segundo a Vontade Divina.

Matrimônio existe, pois, apenas onde paz e harmonia imperam como algo natural; onde cada cônjuge procura apenas viver para o outro e proporcionar-lhe alegria. Excluem-se com isso, de antemão e para sempre, a unilateralidade e o fastio mortífero, de efeito tão corrompedor, assim como o perigoso anseio por diversão e a ilusão de não ser compreendido. Eis os instrumentos mortíferos para toda a felicidade. Tais males, porém, nem sequer podem surgir num verdadeiro matrimônio, no qual os cônjuges vivem realmente um para o outro, pois o não querer ser compreendido e também o anseio por diversão são apenas os frutos de um egoísmo pronunciado, que procura viver apenas para si e não para o outro!

Quando há, porém, um verdadeiro amor das almas, torna-se completamente natural o mútuo e alegre renunciar a si próprio, e nisso, reciprocamente, é totalmente impossível que uma das partes fique lograda. Pressuposto que também o nível de cultura dos que se unem não apresente demasiada disparidade!

Esta é uma condição exigida pela lei da atração da igual espécie no grande Universo, a qual terá de ser cumprida, se a felicidade deva ser completa.

Onde, porém, não se encontrem a paz, nem a harmonia, o matrimônio não merece ser chamado matrimônio, pois tal união de fato não existe, sendo apenas um vínculo terreno, destituído de valor perante Deus, e que, portanto, não pode trazer bênçãos naquele sentido como é de se esperar num matrimônio verdadeiro.

No sexto mandamento o matrimônio verdadeiro é, pois, condição básica, de acordo com a vontade de Deus. Outro tipo de matrimônio não goza de proteção. Ai daquele, porém, que ousa perturbar um matrimônio verdadeiro, seja de que forma for! Pois o triunfo que julga obter aqui na Terra aguarda-o na matéria fina de uma forma inteiramente diversa! Apavorado, gostaria de fugir ao ter de entrar naquele reino, onde isso o aguarda.

Já constitui adultério no mais amplo sentido a tentativa de separar duas pessoas que se amam com todas as veras de sua alma, como muitas vezes o fazem os pais, aos quais esta ou aquela circunstância terrena não é do seu agrado! Ai também da mulher ou do homem, quer jovem, quer velho, que movido pela inveja ou por motivos fúteis, semeia deliberadamente discórdia ou quiçá o rompimento entre um par assim formado. O amor puro entre duas pessoas deverá ser sagrado para cada pessoa; deverá ser objeto de respeito e consideração, jamais de cobiça! Pois está sob a proteção da vontade de Deus!

Se, porém, surgir um tal sentimento de cobiça impura, deverá o ser humano afastar-se e olhar com olhos límpidos para aquelas pessoas que ainda não se ligaram animicamente a ninguém.

Procurando com seriedade e paciência, encontrará incondicionalmente uma pessoa que com ele combine, no sentido desejado por Deus, e com a qual então tornar-se-á feliz sem se carregar com uma culpa que jamais pode trazer ou dar felicidade!

O grande erro dessas pessoas é o de se esforçar em seguir com demasiada freqüência um impulso de sentimento inicialmente sempre fraco, retendo-o à força e cultivando-o artificialmente em sua fantasia, até que, tornando-se forte, as domina e, martirizando-as, também induza ao pecado! Milhares de espíritos humanos não teriam de se perder, se apenas atentassem sempre sobre o início disso, que, quando não decorre de cálculos do raciocínio, é fruto meramente de brincadeiras indignas de seres humanos, as quais por sua vez derivam dos hábitos nefastos da vida familiar terrena e, principalmente, da vida social! Exatamente estes são freqüentemente verdadeiros mercados casamenteiros, nada mais limpos que a traficância sem disfarces de escravos no Oriente! Nisso reside uma incubadeira para os germes do adultério.

Acautelai-vos, pais, para que não vos torneis culpados do crime de adultério em vossos filhos, devido a demasiados cálculos do raciocínio! Inúmeros já se enredaram nisso! Muito lhes custará para se libertarem novamente disso! Vós, filhos, tende cuidado para não vos tornardes instrumento de discórdia entre os vossos pais, senão também sereis culpados de adultério!

Refleti bem sobre isso. Senão tornar-vos-eis inimigos de vosso Deus, e não há sequer um destes inimigos que por fim não tenha de perecer com sofrimentos indizíveis, sem que Deus mova um dedo para tanto! Jamais deverás destruir a paz e a harmonia entre dois seres humanos.

Grava isso em ti, para que te sirva sempre de advertência, diante do olho de tua alma.


O texto acima foi retirado do livro "OS DEZ MANDAMENTOS E O PAI NOSSO" explicados por Abdruschin


Com vossa maneira de ser, deveis dar ao vosso próximo! Não, por acaso, com dinheiro ou bens. Pois assim os pobres ficariam privados da possibilidade de dar. E nesse modo de ser, nesse “dar-se” no convívio com o próximo, na consideração, no respeito que vós lhe ofereceis espontaneamente, está o “amar” de que nos fala Jesus, está também o auxílio que prestais ao vosso próximo, porque nisso ele se torna capaz de modificar-se por si mesmo ou prosseguir em direção ao alto, porque nisso ele pode fortalecer-se.As irradiações retroativas disso, porém, erguem-vos rapidamente em sua reciprocidade. Através delas recebereis sempre novas forças. Com vôo bramante conseguireis dirigir-vos ao encontro da luz...”


Abdruschin, dissertação “Ascensão”, vol. 1.

Despertai!





Retirado da obra Mensagem do Graal - Abdruschin


DESPERTAI, ó seres humanos, desse sono de chumbo! Reconhecei o fardo indigno que carregais e que pesa com uma indizível e tenaz pressão sobre milhões de criaturas. Atirai-o fora! Acaso merece ser carregado? Nem sequer um único segundo!

Que encerra ele? Debulho vazio que se desvanece temeroso ao sopro da verdade. Desperdiçastes tempo e força em vão. Arrebentai, portanto, as cadeias que vos prendem embaixo, tornai-vos livres, afinal!

O ser humano que permanece acorrentado interiormente será um eterno escravo, mesmo que seja um rei.

Vós vos atais com tudo o que vos esforçais por aprender. Ponderai: com a aprendizagem vos comprimis em formas alheias que outros conceberam, associando-vos de bom grado a convicções alheias, assimilando somente aquilo que outros vivenciaram em si, para si.

Considerai: uma coisa não é para todos! O que é útil para um pode prejudicar a outrem. Cada qual tem de percorrer por si seu próprio caminho para o aperfeiçoamento. Seu equipamento para isso são as faculdades que traz em si. De acordo com elas é que tem de se orientar, e sobre elas edificar! Se não o fizer, permanecerá um estranho dentro de si mesmo, e se encontrará sempre ao lado daquilo que estudou, e que nunca pode tornar-se vivo dentro dele. Assim, cada proveito para ele está fora de cogitação. Vegeta, e se torna impossível um progresso.

Notai bem, ó vós que vos esforçais com sinceridade pela luz e a verdade:

O caminho para a luz deve cada qual vivenciar dentro de si, descobri-lo pessoalmente, se desejar percorrê-lo com segurança. Somente aquilo que o ser humano vivencia e sente intuitivamente com todas as mutações é que compreendeu plenamente!

A dor e também a alegria batem continuamente à porta, estimulando, sacudindo para um despertar espiritual. Durante segundos fica então o ser humano muitas vezes libertado das futilidades da vida cotidiana e pressente, tanto na felicidade como na dor, ligação com o espírito que perpassa tudo o que é vivo.

E tudo é deveras vida, nada está morto! Feliz daquele que compreende e retém tais momentos de ligação, erguendo-se nisso. Não deve aí ater-se a formas rígidas, mas sim cada um deve desenvolver-se por si mesmo, partindo de seu íntimo.

Não vos preocupeis com zombadores que ainda desconhecem a vida espiritual.
Como bêbados e como doentes se encontram perante a imponente obra da Criação, que tanto nos oferece. Como cegos que tateiam através da existência terrena, e não vêem todo o esplendor que os rodeia!

Estão confusos, dormem, pois como pode um ser humano, por exemplo, ainda afirmar que só existe aquilo que ele vê? Que acolá, onde ele com seus olhos nada consegue distinguir, não haja vida nenhuma? Que, com a morte de seu corpo, também ele deixa de existir, somente porque até agora, em sua cegueira, não se pôde convencer com seus olhos do contrário? Não sabe ele agora, já por muitas coisas, como é restrita a capacidade do olho? Não sabe ele ainda que ela está ligada às capacidades de seu cérebro, as quais, por sua vez, são adstritas ao tempo e ao espaço? E que, por essa razão, tudo quanto está acima do espaço e do tempo ele não pode reconhecer com seus olhos? Nenhum desses zombadores compreendeu ainda tal fundamentação lógica do raciocínio? A vida espiritual, chamemo-la também o além, é, contudo, somente algo que se acha inteiramente acima do conceito terreno de espaço e de tempo, e que necessita, portanto, de um caminho idêntico para ser reconhecido.

Contudo, nosso olho nem vê mesmo aquilo que se deixa classificar no tempo e no espaço. Considere-se a gota d’água, cuja incondicional pureza cada olho testemunha e que, observada através dum microscópio, encerra milhares de seres vivos, que dentro dela, sem piedade, lutam e se destroem. Não há, às vezes, bacilos na água, no ar, que possuem força para destruir corpos humanos, e que não são percebidos pelos olhos? Todavia se tornam visíveis através de instrumentos aperfeiçoados.

Quem ousará ainda depois disso afirmar que não encontrareis coisas novas até agora desconhecidas, tão logo aperfeiçoardes melhor tais instrumentos? Aperfeiçoai-os mil vezes, milhões de vezes, mesmo assim a visão não terá fim; pelo contrário, diante de vós se desvendarão sempre de novo mundos que antes não podíeis ver nem sentir e que todavia aí já existiam.

O pensamento lógico leva a idênticas conclusões sobre tudo o mais que as ciências até agora conseguiram colecionar. Dá-se a expectativa de permanente desenvolvimento e nunca, porém, de um fim.

Que é então o além? Muitos se confundem com essa palavra. O além é simplesmente tudo aquilo que não se deixa reconhecer com meios terrenos. Meios terrenos, contudo, são os olhos, o cérebro, e tudo o mais do corpo, bem como os instrumentos que ajudam essas partes a exercer melhor e com mais nitidez suas atividades, ampliando-as.

Poder-se-ia dizer, portanto: o além é o que se encontra além das faculdades de reconhecimento dos nossos olhos corpóreos. Uma separação, porém, entre este mundo e o além não existe! E também nenhum abismo! Tudo é uno, como a Criação toda. Uma força percorre tanto o aquém como o além e tudo vive e atua a partir dessa única corrente da vida e por isso é completa e indissoluvelmente ligado. Disso, pois, se torna compreensível o seguinte:

Quando uma parte desse todo adoece, deve o efeito se fazer sentir na outra parte, como num corpo. Partículas doentes dessa outra parte fluem então para a que adoeceu, mediante a atração da espécie igual, reforçando assim mais a doença. Se tal doença se tornar incurável, surge então a indispensável contingência de amputar o membro doente, a fim de que o conjunto não sofra permanentemente.

Por esse motivo, modificai-vos. Não existe o aquém e o além, mas sim apenas uma existência una! A noção de separação foi inventada apenas pelo ser humano, por não poder ver tudo e se considerar o ponto central e principal do âmbito que lhe é visível. Mas o círculo de sua atividade é maior. Com o conceito errôneo de separação, ele apenas se restringe, violentamente, impedindo seu progresso, e dá ensejo a fantasias desenfreadas, originando imagens disformes.

Que há de surpreendente, pois, se, como conseqüência, muitos apenas têm um sorriso incrédulo, outros uma adoração doentia que degenera em escravidão ou fanatismo? Quem pode ainda se espantar com o medo, sim, aflição e pavor que se desenvolveram em muitos seres humanos?

Fora com tudo isso! Por que esse tormento? Derrubai essa barreira que o erro dos seres humanos procurou levantar, e que todavia nunca existiu! A orientação errônea de até agora vos dá também uma base falsa sobre a qual vos esforçais inutilmente em erigir sem fim a verdadeira fé, isto é, a convicção interior. Esbarrais por isso em pontos, rochedos que vos tornam vacilantes ou hesitantes, ou obrigam a destruir de novo o edifício todo propriamente, para, em seguida, talvez abandonar tudo com desalento ou rancor.

Somente vós sofreis o prejuízo, pois para vós não existe progresso, mas sim apenas parada ou retrocesso. O caminho que ainda tendes de percorrer torna-se desta forma ainda mais comprido.

Quando tiverdes finalmente compreendido a Criação como um todo, que ela é, quando não fizerdes nenhuma separação entre o aquém e o além, então tereis o caminho reto, o alvo verdadeiro estará mais próximo, e a ascensão vos causará alegria e satisfação. Podereis então sentir e compreender muito melhor os efeitos da reciprocidade que pulsam, cheios de vida, através de todo o conjunto uniforme, pois toda a atuação é impulsionada e mantida por aquela força única. A luz da verdade irromperá assim para vós!

Reconhecereis em breve que para muitos só a comodidade e a preguiça é a causa de zombarias, somente porque custaria esforços para derrubar o que foi aprendido e considerado até agora, e construir coisa nova. E a outros isso vem alterar a habitual rotina, e por isso se lhes torna incômodo.

Deixai esses tais, não brigueis; contudo, sede prestimosos com o vosso saber para com aqueles que não estiverem contentes com os prazeres passageiros e que procuram algo mais na existência terrena, não sendo como os animais, que só procuram satisfazer o corpo. Dai-lhes o reconhecimento obtido, não enterreis a dádiva, pois com o dar, reciprocamente, torna-se mais rico e forte o vosso saber.

No Universo age uma lei eterna: Somente dando pode-se também receber, quando se trata de valores permanentes! Isso penetra tão fundo, traspassa a Criação toda, como um legado sacrossanto do seu Criador. Dar desinteressadamente, ajudar onde for necessário, ter compreensão pelo sofrimento do próximo, bem como por suas fraquezas, chama-se receber, pois esse é o caminho reto e verdadeiro para o Altíssimo!

E querer isso seriamente redunda em vosso imediato auxílio e força! Um único desejo sincero e profundo voltado para o bem, e já será como uma espada de fogo manejada do outro lado, agora ainda invisível para vós, transpassando a muralha que vossos próprios pensamentos até aqui tinham erguido como obstáculo, pois vós sois, sim, uma só coisa com o além tão temido, negado ou desejado, sois ligados a ele estreita e inseparavelmente.

Experimentai isso, pois vossos pensamentos são os mensageiros que enviais, e que a vós retornam sobrecarregados com o que foi intencionado por vós, seja coisa boa ou má. Isso acontece! Considerai, pois, que os vossos pensamentos são coisas que adquirem forma espiritual, não raro tornando-se configurações que sobrevivem à existência terrena do vosso corpo, e então muito se vos tornará claro.

Evidenciar-se-á assim a exatidão do que foi dito: Pois suas obras os seguirão! As criações de pensamentos são obras que vos hão de esperar! Que formam auréolas claras ou escuras à vossa volta e que tereis de transpor para penetrar no mundo espiritual. Nenhuma proteção, nenhuma interferência podem ajudar, porque tendes a autodeterminação. O primeiro passo para tudo tem de partir de vós, portanto. E ele não é difícil, reside apenas no querer que se manifesta pelos pensamentos. Desta forma trazeis em vós mesmos tanto o céu como o inferno.

Podeis decidir, mas estais sujeitos às conseqüências de vossos pensamentos e de vosso querer, incondicionalmente! As conseqüências, vós próprios as criais, por isso clamo para vós:

Conservai puro o foco dos vossos pensamentos, com isso estabelecereis a paz e sereis felizes!

Não vos esqueçais de que cada pensamento por vós criado e enviado atrai durante o percurso todos os da mesma espécie ou adere a outros; com isso se vai tornando cada vez mais forte e por fim atinge mesmo um alvo, um cérebro que talvez se tivesse distraído durante alguns segundos apenas, deixando assim entrar e atuar tais formas flutuantes de pensamentos.

Imaginai só que responsabilidade cai então sobre vós, se o pensamento se transformar em ação numa pessoa em que pôde atuar! Tal responsabilidade se manifesta já pela circunstância de que cada pensamento conserva ligação ininterrupta convosco, como através de um fio que não arrebenta, retrocedendo assim com a força adquirida durante o percurso, para vos tornar a oprimir ou beneficiar, conforme a espécie que emitistes.

Assim nos encontramos no mundo dos pensamentos, e damos lugar, com os diferentes modos de pensar, a formas de pensamentos semelhantes. Por isso não malbarateis a força do pensar; ao contrário, concentrai-a para a defesa e para pensamentos aguçados que saiam como lanças, atuando sobre tudo. Criai assim com os vossos pensamentos a lança sagrada que combate pelo bem, que cicatriza feridas, beneficiando a Criação inteira!

Por isso orientai o pensar para a ação e o progresso! Para fazer isso, tereis de abalar muitas colunas que suportam concepções tradicionais. Muitas vezes se trata dum conceito erroneamente absorvido, que não deixa encontrar o verdadeiro caminho. É necessário retroceder ao ponto de partida. Um vislumbre de luz põe abaixo a construção inteira, que ele penosamente construiu durante decênios, e então recomeça a obra depois de um maior ou menor atordoamento. Tem de fazer assim, já que no Universo não existe estagnação. Tomemos, por exemplo, a conceituação sobre o tempo:

O tempo passa! Os tempos mudam! Assim por toda a parte se ouve dizer; e com isso surge involuntariamente em nosso espírito um quadro: vemos tempos mutáveis passando por nós!

Esse quadro se torna hábito e para muitas pessoas forma uma base sólida por onde vão edificando e orientando todas as suas pesquisas e reflexões. Não demora muito, contudo, que esbarrem em obstáculos, que se contradizem uns com os outros. Já nada se ajusta, nem com a melhor boa vontade. Perdem-se e deixam lacunas, que, não obstante todo o cismar, não mais podem ser preenchidas.

Muitas pessoas acham então que em tal contingência se deve recorrer à fé, como sucedâneo, quando o pensamento lógico nenhum amparo encontra. Mas isso é errado! O ser humano não deve crer em coisas que não possa compreender! Deve procurar compreendê-las; do contrário escancarará a porta para o ingresso de erros, e com os erros sempre se desvaloriza também a verdade.

Crer sem compreender é apenas preguiça e apatia mental! Isso não eleva o espírito, pelo contrário, oprime-o. Por conseguinte, levantemos o olhar, devemos pesquisar e analisar. Não é à toa que existe dentro de nós o impulso para isso.

O tempo! Passará deveras? Qual a razão de se encontrarem obstáculos referentes a esse princípio, quando aí se quer prosseguir no pensar? Muito simples, porque o pensamento básico é falso, pois o tempo permanece parado! Nós, sim, é que marchamos ao seu encontro! Investimos pelo tempo adentro, que é eterno, procurando dentro dele a verdade.

O tempo permanece parado. Continua o mesmo hoje, ontem, durante mil anos! Somente as formas é que variam. Mergulhamos no tempo, para colher no regaço de suas anotações, a fim de fomentar nosso saber com as coleções que ele encerra! Pois nada se perdeu, tudo ele preservou. Não mudou, porque é eterno.

Tu também, ó ser humano, és sempre apenas o mesmo, quer pareças jovem ou já sejas velho! Permaneces aquele que és! Tu próprio já não o percebeste? Não notas nitidamente uma diferença entre a forma e o teu "eu"? Entre o corpo, que é sujeito a alterações, e tu, o espírito, que é eterno?

Vós procurais a verdade! Que é a verdade? O que hoje ainda admitis como verdade patentear-se-vos-á amanhã já como erros, para mais tarde verificardes outra vez que nesses erros se encontram grãos de verdade! Pois também as revelações modificam suas formas. Assim vos sucede nas ininterruptas pesquisas, mas nas modificações amadurecereis!

A verdade, contudo, permanece sempre a mesma, não muda, pois é eterna! E sendo eterna, nunca poderá, mediante os sentidos materiais que só distinguem mutações de formas, ser compreendida real e limpidamente!

Por isso, espiritualizai-vos! Livres de todos os pensamentos terrenos, possuireis a verdade, estareis na verdade, a fim de banhar-vos na luz límpida que ela irradia constantemente, pois vos rodeia totalmente. Nadareis nela, tão logo vos espiritualizardes.

Não tereis mais necessidade de aprender arduamente as ciências nem de recear quaisquer erros, mas sim tereis para cada pergunta a resposta já na própria verdade; mais ainda, não tereis então mais perguntas, pois, sem que penseis, sabereis tudo, abrangereis tudo, porque vosso espírito vive na luz límpida, na verdade!

Por conseguinte, tornai-vos livres espiritualmente! Arrebentai todas as cadeias que vos oprimem! Se com isso se apresentarem estorvos, arremessai-vos jubilosos contra eles, pois eles significam que estais no caminho para a liberdade e força! Considerai-os como uma dádiva, donde surgem proveitos para vós e, brincando, os transporeis.

Ou eles são colocados à vossa frente para que aprendais com isso e vos desenvolvais, com o que aumentais vossos recursos para a ascensão, ou são efeitos retroativos de alguma culpa, que com isso redimireis e da qual vos podeis libertar. Em ambos os casos vos levarão para diante. Assim, ide em frente, é para vossa salvação!

É tolice falar de golpes do destino ou provações. Cada luta e cada sofrimento é progresso. Com isso o ser humano terá ensejo de anular sombras de culpas anteriores, pois nenhum centavo pode ser perdoado para cada um, porque o circular de leis eternas no Universo é também aqui inexorável, leis nas quais se revela a vontade criadora do Pai, que assim nos perdoa e desfaz todas as trevas.

O menor desvio nisso reduziria o mundo em escombros, tão bem disposto e sabiamente ordenado se acha tudo.

Quem todavia tiver muita coisa anterior a liquidar, não deverá tal pessoa desanimar então, apavorando-se diante do resgate de suas culpas?

Pode dar início a isso confiante e alegre, livre de quaisquer preocupações, logo que queira com sinceridade! Pois uma compensação pode ser criada através da corrente contrária duma força de boa vontade que no espiritual se torna viva como as demais formas de pensamentos e se torna uma arma eficiente, capaz de livrar cada lastro de trevas, cada pesadume, e conduzir o "eu" para a luz!

Força de vontade! Um poder não pressentido por tantas pessoas que, como um imã que nunca falha, atrai as forças iguais, fazendo-as crescer como avalanches, e unida a outros poderes espirituais semelhantes, atua retroativamente, atinge novamente o ponto de partida, portanto a origem, ou, melhor ainda, o gerador, e o eleva para a luz ou o arremessa mais profundamente ainda na lama e na sujeira! Conforme a espécie que o próprio autor desejou anteriormente.

Quem conhece essa ação recíproca permanente e infalível, existente em toda a Criação, que nela se desencadeia e desabrocha com inamovível certeza, esse sabe utilizá-la, tem de amá-la, tem de temê-la! Para esse torna-se vivo gradualmente o mundo invisível que o rodeia, pois sente seus efeitos com tal nitidez, que liquida cada dúvida.

Tem de intuir as fortes ondas de atividade infatigável que agem sobre ele, provenientes do grande Universo, tão logo atente um pouco, sentindo finalmente que ele é o foco de fortes correntes, qual uma lente que faz convergir os raios solares sobre um ponto e acolá gera uma força que atua inflamando, podendo queimar e destruir, bem como curar e vivificar, trazer bênçãos, e também provocar um fogo abrasador!

E tais lentes sois também vós, capazes de, mediante vossa vontade, concentrar essas correntes invisíveis de força que vos atingem, emitindo-as reunidas num potencial para finalidades benéficas ou malévolas, conduzindo bênçãos ou destruições à humanidade. Fogo abrasador, sim, que podeis e deveis, com isso, acender nas almas: o fogo do entusiasmo para o bem, para o que é nobre e para a perfeição!

Para isso se faz mister apenas uma força de vontade que torna o ser humano de certa maneira o senhor da Criação, determinando seu próprio destino. Sua própria vontade lhe acarreta a destruição ou a salvação! Cria-lhe, com inexorável certeza, a recompensa ou o castigo.

Não temais, pois, que tal saber vos afaste do Criador ou vos enfraqueça a fé que nutristes até agora. Pelo contrário! O conhecimento dessas leis eternas, que podeis utilizar, deixa a obra da Criação parecer ainda mais sublime para vós, e obriga o pesquisador sincero a se prostrar de joelhos, absorto diante de tal grandeza!

E então jamais o ser humano quererá o mal. Agarrar-se-á com alegria ao melhor apoio que existe para ele: ao amor! Amor por toda a Criação maravilhosa, amor pelo próximo, a fim de também conduzi-lo à magnificência dessa usufruição, à consciência dessa força.

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