
Que te diz esse fenômeno?
Fusão! Não passes de leve por tal termo, procura antes aprofundar-te nesse conceito de que também o amadurecimento e a perfeição são alcançados por meio da fusão. Essa sentença repousa em toda a Criação, como uma preciosidade que quer ser descoberta! Acha-se intimamente ligada à lei de que somente no dar também se pode receber! E o que condiciona a exata compreensão dessas sentenças? Isto é, a vivência? O amor! E por isso o amor constitui também a força máxima, como poder ilimitado dentro do mistério do grande existir!
Assim como a fusão, no caso dum único pensamento, forma, amolda e lapida, assim se dá com o próprio ser humano e com toda a Criação, que na interminável fusão de formas individuais existentes passa por transformações, devido à força de vontade, tornando-se assim o caminho para a perfeição.
Um ser isolado não pode oferecer-te a perfeição, mas sim a humanidade toda, na pluralidade de suas características! Cada qual tem algo que pertence de maneira incondicional ao conjunto. Daí acontecer também que uma pessoa que já atingiu amplo progresso, já não conhecendo mais nenhuma cobiça terrena, sinta amor pela humanidade inteira e não por um ser isolado, visto que somente a humanidade toda consegue fazer vibrar em harmoniosa sinfonia celestial as cordas de sua alma amadurecida, libertadas através da purificação. Traz harmonia dentro de si, porque todas as cordas vibram!
Voltemos ao pensamento que atraiu para si as formas alheias e que assim se foi tornando cada vez mais forte: acaba finalmente elevando-se para cima de ti em cerradas ondas de força, rompe a aura da tua própria pessoa e passa a exercer influência sobre um âmbito mais amplo.
Contudo, não irradias nada! O fenômeno que ocasionou tal sensação nos outros origina-se no fato de atraíres magneticamente tudo o que tem afinidade espiritual contigo. É esse atrair que as pessoas próximas sentem. É que nisso também reside a ação recíproca. Assim, nesse contato, essa outra pessoa sente então nitidamente a tua força, nascendo através disso a "simpatia".
Nisso não ocorre nenhuma injustiça, e sim tudo se passa segundo as leis divinas. O ser humano precisa apenas tomar a iniciativa, querer deveras, então ficará protegido disso.
Naturalmente perguntarás: E como será quando todos quiserem ser fortes? Quando nada tiverem a tomar de alguém? Então, querido amigo, será um intercâmbio espontâneo, subordinado à lei de que somente dando é que também se pode receber. Não ocorrerá paralisação; apenas será anulado tudo quanto é inferior.
Assim, pois, acontece que, devido à preguiça, muitos se tornam dependentes no espírito, chegando até mesmo à incapacidade de desenvolver seus próprios pensamentos.
Urge salientar, entretanto, que somente o de igual espécie é atraído. Daí o provérbio: "Igual com igual se entendem bem". Assim se juntarão sempre os que são dados à bebida, fumantes têm "simpatias", tagarelas, jogadores, etc.; mas também os de índole nobre se encontram para fins elevados.
No entanto, ainda prossegue: o que espiritualmente se aspira também se efetiva por fim fisicamente, visto todo o espiritual perpassar a matéria grosseira, razão pela qual cumpre reter sempre em mente a lei da ação de retorno, porque um pensamento sempre mantém ligação com a origem, causando nessa ligação irradiações retroativas.
Refiro-me aqui sempre apenas aos pensamentos reais, que contêm em si a força vital da intuição anímica. E não me refiro ao desperdício de forças da substância cerebral confiada a ti como instrumento, formando apenas pensamentos voláteis que se manifestam como emanações difusas em desordenada confusão e que, felizmente, logo se desfazem. Tais pensamentos só te custam tempo e força, e desperdiças com isso um bem que te foi confiado.
Meditas, por exemplo, a sério sobre determinada coisa, tal pensamento se tornará fortemente magnético dentro de ti pela força do silêncio e atrairá todos os afins, tornando-se, desse modo, fertilizado. Ele amadurece e transpõe os limites da rotina, penetra devido a isso em outras esferas também, recebendo aí a afluência de pensamentos mais elevados... a inspiração! Por essa razão, em contraste com a mediunidade, na inspiração o pensamento básico deve partir de ti mesmo e deve formar a ponte para o além, o mundo espiritual, a fim de ali haurir conscientemente de uma fonte.
Por conseguinte, a inspiração não tem nada a ver com a mediunidade. Dessa forma o pensamento amadurecerá dentro de ti. Avanças para a realização e trarás, condensado por tua força, aquilo que já pairava antes em inúmeras partículas no Universo, como formas de pensamentos.
Dessa maneira crias uma nova forma por meio da fusão e da condensação daquilo que desde há muito já existia espiritualmente! Assim, na Criação toda, apenas mudam sempre as formas, pois tudo o mais é eterno e indestrutível.
Acautela-te de pensamentos confusos, e de toda a superficialidade no pensar. O descuido vinga-se amargamente, pois sem demora te verás rebaixado a um lugar tumultuado de influências estranhas, o que te tornará facilmente irritado, inconstante e injusto para com os que te rodeiam.
Se tens um pensamento autêntico e o sabes reter bem, assim finalmente essa força concentrada também tem de ser impelida para a realização, pois o desenvolvimento de tudo se desenrola espiritualmente, já que toda força é apenas espiritual! O que então consegues distinguir são sempre apenas as últimas manifestações dum processo magnético-espiritual ocorrido antes e que se realiza em ordem predeterminada e sempre uniforme.
Observa, e quando pensas e sentes, logo terás a prova de que toda a vida real só pode ser na verdade a espiritual, onde unicamente se encontram a origem e o desenvolvimento. Tens de chegar à convicção de que tudo quanto vês com os olhos corpóreos realmente são apenas manifestações do espírito eternamente impulsionante.
Nos seres humanos o espírito somente é envolvido e escurecido através das ambições terrenas que, como escórias, aderem, sobrecarregam e arrastam-no para baixo. Seus pensamentos são, pois, atos de vontade nos quais repousa a força do espírito. O ser humano dispõe da decisão para pensar bem ou mal e pode assim orientar a força divina tanto para o bem como para o mal! Nisso se baseia a responsabilidade que o ser humano tem consigo, pois a recompensa ou o castigo hão de vir, já que todas as conseqüências dos pensamentos voltam ao ponto de início através da lei da reciprocidade instituída, que nunca falha, e que nisso é inamovível, portanto, inexorável. E por isso também incorruptível, severa e justa! Não se diz o mesmo também a respeito de Deus?
Se muitos inimigos da fé hoje nada mais querem saber da divindade, tudo isso não consegue alterar em nada os fatos que expus. Basta que essas pessoas suprimam a palavra "Deus" e se aprofundem deveras na ciência, virão a encontrar então exatamente o mesmo, só que expresso em outras palavras. Não é, portanto, ridículo discutir sobre isso?
Não é cegueira opor-se tenazmente, quando todos, até mesmo esses negadores obstinados, reconhecem e comprovam a existência dessa força? O que os impede então de chamar Deus a essa força reconhecida? Teimosia pueril? Ou uma certa vergonha por terem de declarar que durante tanto tempo procuraram negar obstinadamente algo, cuja existência há muito lhes era evidente?
Certamente não é nada de tudo isso. A causa deve residir no fato de que foi apresentado à humanidade, de tantas partes, caricaturas da grande divindade, com as quais, num sério pesquisar, não podia concordar. A força da divindade, que tudo abrange e tudo perpassa, tem de ser diminuída e desvalorizada com a tentativa de imprimi-la num quadro!
O dogma é em grande parte culpado de que aqueles que em seus conflitos procuram transpor cada meta, muitas vezes o façam até mesmo contra a certeza que vive dentro deles.
Mas não está distante a hora do despertar espiritual! Em que se interpretarão direito as palavras do Salvador, compreendendo-se corretamente sua grande obra de salvação, pois Cristo trouxe libertação das trevas, já que apontou o caminho para a verdade, mostrando, como ser humano, o caminho para as alturas luminosas! E com o seu sangue imprimiu na cruz o selo de sua convicção!
A verdade nunca deixou de ser o que foi outrora e que ainda é hoje e há de ser daqui a dezenas de milênios, já que é eterna!
Quer digas: Submeto-me voluntariamente às leis vigentes da natureza, porque elas são em meu benefício, ou quer digas: Submeto-me à vontade de Deus, que se revela nas leis da natureza ou na força inconcebível que impulsiona as leis da natureza... ocorre alguma diferença na atuação delas? A força aí está e tu a reconheces, tens de reconhecê-la, sim, já que não te resta outra alternativa, tão logo reflitas um pouco... e com isso reconheces teu Deus, o Criador!
Aqui seja mais uma vez indicado especialmente o seguinte: A verdadeira vida se processa no espiritual! E essa não conhece nem tempo nem espaço, logo, também qualquer separação. Situa-se acima dos conceitos terrenos. Por essa razão, as conseqüências te encontrarão onde estiveres, no tempo em que, devido às leis eternas, os efeitos retornam ao ponto inicial. Nada se perde, tudo volta, com toda a certeza.
Isso soluciona também a pergunta, já tantas vezes apresentada, de como acontece que pessoas visivelmente boas às vezes têm de sofrer tanto na vida terrena, e de tal forma, que é visto como injustiça. Trata-se de resgates que têm de atingi-las!
Conheces agora a resposta a essa pergunta; é que teu corpo ocasional não desempenha nisso nenhum papel. Teu corpo não significa bem tu próprio, não é o teu "eu" completo, e sim um instrumento que escolheste ou que tiveste de tomar segundo as leis respectivas da vida espiritual, às quais poderás chamar também leis cósmicas, caso assim te pareça mais compreensível. A respectiva vida terrena é somente um curto espaço da tua existência real.
Também isso o Espírito do Pai depôs na tua mão. A força da boa vontade forma à tua volta um círculo capaz de destruir a ação nociva do mal ou atenuá-la bastante, da mesma forma que a camada de ar protege o globo terrestre.
Contudo, a força da boa vontade, essa proteção eficaz, aumentará e se consolidará através do poder do silêncio.
Por isso, a vós que procurais, chamo mais uma vez e insistentemente a atenção: